FAUSTO, Boris. História do Brasil. 14. Ed. atual. e
ampl. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2013.
Os portugueses acumularam muitas riquezas derivadas
do comércio. A busca por novos mercados levou às navegações. Ao chegar ao
Brasil os portugueses buscavam, na verdade, chegar às Índias e fazer parte do
comércio de especiarias. Cabral errou em seus cálculos e pensava que poderia,
facilmente, chegar às Índias pelo Atlântico. O fato de as Antilhas terem sido
descobertas favorecia tal suposição.
O BRASIL COLONIAL 1500 – 1822
Resumo:
A colonização do Brasil se deu aos poucos. A
descoberta de pau-brasil e a excentricidade indígena favoreceram as relações
entre os portugueses e os índios (principalmente os tupi-guaranis). A
rivalidade entre as tribos também contribuiu pra que portugueses recebessem
auxílio indígena e conseguissem se instalar no país.
O
desrespeito francês ao Tratado de Tordesilhas (que dividia as novas terras
entre portugueses e espanhóis) contribuiu para que a Coroa portuguesa colonizasse
o Brasil e garantisse sua posse. A primeira tentativa de colonização
orquestrada foi bruscamente interrompida pelo sistema de capitanias
hereditárias, grandes porções de terras arrendadas a pessoas com boas relações
com a Coroa (baixa nobreza, burgueses, entre outros). O sistema não teve grande
sucesso.
A
falta de descoberta de grandes riquezas transformou o Brasil em um fornecedor
de alimentos à Coroa, o que favoreceu a criação de grandes latifúndios para o
sistema “plantation”. A abundância de terras não favorecia o trabalho
assalariado já que os trabalhadores podiam facilmente adquirir sua própria
terra o que somado ao sistema da “plantation” levou a utilização de mão-de-obra
escrava.
O
Brasil era dotado de divisões além de livres e escravos. Eram elas:
-
raciais: os nobres, os brancos, os mulatos, os índios e os negros...
-
religiosas: cristãos e cristãos-novos (judeus obrigados a se converter);
-
ocupação: senhores de engenho, comerciantes, artesãos...;
-
sexo: homens e mulheres. Apesar do sistema patriarcal as mulheres tiveram
importante papel na administração da casa e relativa independência (excluindo
as famílias mais abastadas).
De
população rural, as cidades passam a crescer devido aos grandes comerciantes,
aos postos administrativos e, principalmente, a vinda da família real ao Rio de
Janeiro. A sociedade brasileira vai se formando ao redor de famílias poderosas
e na relação de lealdade.
A
transformação do Brasil em um grande exportador de açúcar elevou, radicalmente,
o número de escravos negros no país. Os engenhos eram caros e muitas vezes
financiados por entidades religiosas ou estrangeiras (já que não havia banco no
país).
A
igreja teve grande importância adentrando o território nacional. A cultura
indígena se mesclou com os costumes da época. A falta de mulheres brancas
contribuiu para a mestiçagem da população, os mamelucos.
A
vila de São Paulo possuía grandes distinções das demais. Formada por jesuítas,
a vila era habitada por burgueses, artesãos, índios, mamelucos e bandeirantes.
A descoberta de ouro pelos bandeirantes deslocou o eixo comercial o eixo
comercial para o centro-sul do país e a capital foi transferida para o Rio de
Janeiro.
As
novas ideias (liberalismo, iluminismo) e revoluções (francesa e industrial) que
emanavam da Europa levam à crescente defesa do fim da escravidão.
Em
Minas, o eixo dinâmico do ouro estava arrefecido e as elites locais,
familiarizadas com as novas ideias europeias, estavam descontentes com a
administração da Coroa, o que levou à Inconfidência, uma movimento com
significativa importância simbólica.
Em
Salvador um movimento assume grande relevância como símbolo do início das
reivindicações sociais, a conjuração dos alfaites.
A
vinda da família real em 1808, o aumento dos tributos, o menosprezo do nordeste
e o favorecimento de portugueses em detrimentos de brasileiros levou à
revolução de 1817. Os revoltosos dominaram o Recife, mas foram severamente
punidos dois meses depois.
O
fim da guerra na Europa e a queda de Napoleão deixou Portugal em meio a um grave
crise, solucionada com o retorno de D. João VI. Sob protestos brasileiros D.
Pedro I ficou no Brasil. Entre divergências e sob a ameaça de Portugal submeter
o Brasil a regressiva condição de colônia foi proclamada a Independência do
Brasil, com D. Pedro I como imperador.
A
definição das fronteiras no pós-independência se deu com o Tratado de Madri,
segundo o qual o Brasil renunciava a colônia de Sacramento e abrangia a região
de Sete Missões.
O PRIMEIRO REINADO 1822 – 1831
A Inglaterra auxiliou a busca brasileira pelo
reconhecimento da independência. Seu interesse estava no grande mercado
consumidor que o Brasil representava. Sobre o acordo com Portugal o Brasil se
comprometeu ao pagamento de uma indenização e a não permitir a união com outras
colônias lusas. Para pagar tal indenização o país fez seu primeiro empréstimo
internacional (com a Inglaterra).
Diante
da tentativa de elaborar a Constituição houveram divergências que levaram o
Imperador a dissolver a Assembleia e a promulgar a CF de 1824. Os principais
pontos da CF1824 foram a instituição da divisão do Legislativo em câmara e
senado, este último vitalício; o voto indireto e censitário (com inclusão de
escravos libertos); a divisão do país em províncias com presidentes indicados
pelo Imperador; o asseguramento das liberdades individuais; a instituição do
Conselho de Estado e do Poder Moderador (que consistia na acumulação de
atribuições ao Imperador).
No
período, a Confederação do Equador tem destaque como importante revolta, de
caráter republicano e federalista do Nordeste. A revolução tinha conteúdo
urbano e popular e foi severamente reprimida com a condenação à morte de seus
líderes.
No
Prata, o Brasil entrava em guerra com a Argentina. Derrotado, teve o acordo de
paz intermediado pela Inglaterra. Os gastos na guerra, a inchação (inflação), o
crescimento do sentimento antilusitano e a pressão inglesa que culminou na
redução das tarifas alfandegárias fizeram crescer a insatisfação social e a
popularização das ideias liberais.
Diante da grave crise
d. Pedro I embarca para Portugal para tentar retomar o trono (já que d. João VI
havia falecido) e deixa seu filho, Pedro II, para assumir o Império brasileiro.
Pedro II é um legítimo brasileiro, mas de apenas 5 anos de idade.
A REGÊNCIA
A regência foi o período em que se aguardava a
maioridade de dom Pedro II e foi marcado por reformas institucionais e
revoltas. Dentre as revoltas mais importantes cite-se a balaiada (1838-1840), a
guerra dos cabanos (1821 e 1835), a cabanagem (1835-1840), a sabinada
(1837-1838) e a guerra dos farrapos
(1836-1845).
A
guerra dos farrapos no Rio Grande do Sul teve longa duração e foi um dos
motivos que levou à queda do regente Feijó.
Continua em um próximo post.... :)