BARRACLOUGH, Geoffrey. Introdução à história contemporânea.
Tradução de Álvaro Cabral. 1964. Disponível para download.
[CAP. 1]
Segundo Barraclough é necessário analisar as
mudanças globais além da Europa. Para o autor, a centralização da Europa fez
com que uma série de acontecimentos importantes fossem deixados em segundo
plano. O Japão, a África e a Ásia representam tão ou maior importância nas mudanças
mundiais do meio do século XX.
[CAP.
2]
A
segunda Revolução Industrial, a Revolução Científica, modificou todos os ramos
de produção, não apenas a indústria, mas também a medicina, a agricultura, a
construção civil, os transportes, entre outros. A partir dela o mundo se tornou
mais parecido ao que conhecemos.
A
descoberta da manipulação de novos minérios, o petróleo, o surgimento dos
grandes conglomerados industriais, marcam o início da globalização. “No final
do século XIX, a maior parte do mundo estava mais estreitamente interligada,
econômica e financeiramente, do que em qualquer outra época anterior” (cap. 2,
II).
A
era da busca neoimperialista, no fim do século XIX, redesenhou o globo. A sede de conquista possuía conotações
econômicas e políticas e, essa fase, compreende o marco “divisor de águas”
entre a história antiga e a contemporânea.
[CAP.
3]
O
terceiro capítulo da obra relata a questão demográfica. O imperialismo defendia
a “branquiação” do mundo, mas as taxas de natalidade diminuíam na Europa e
aumentavam na África, na Ásia e Oceania. Os europeus eram minoria em suas
próprias colônias.
A
fim de equilibrar a questão tentou-se a emigração, mas a falta de contingente
humano levou à falta de mão-de-obra. Assim, partiu-se para a solução através da
força militar, o que foi malogrado diante da falta de homens à desempenhar a
função e das necessidades de força de trabalho nas indústrias. A segunda guerra
viria para demonstrar a nítida debilidade da força militar europeia.
“Por
si só, os fatores demográficos são antes uma condição prévia do que uma causa
do poder político, e o significado da mera quantidade é frequentemente
discutido”. A industrialização permitiu um período de poder sobre as populações
não industrializadas, mas a história demonstrou que a habilidade técnica não
podia ser monopolizada e a Inglaterra foi responsável pela sua própria derrota,
quando achava que isso não era uma possibilidade.
[CAP.
4, 5 e 6]
A
primeira guerra mundial retirou a América de seu isolacionismo. Após o conflito
a Europa poderia supor que o reequilíbrio mundial seria restaurado, mas os EUA
e a Rússia já percebiam uma nova ordem, multilateral. Percebiam, porém, sob
diferentes óticas. Para o autor, o sistema bipolar que emergia foi um sintoma
do fim do século XIX, quando o imperialismo, em seu auge, dividiu o mundo em
zonas de influência e monopólio comercial.
A
industrialização modificou as cidades, de maneira bastante rápida. Isso
refletiu em mudanças na cidade, na sociedade e na formação dos Estados. As
estruturas políticas da época não estavam preparadas para lidar com as
necessidades populacionais e desenvolve-se, a partir de então, um sistema cada
vez mais intervencionista, em prol do interesse do cidadão. Isso levou ao
declínio do modelo democrático representativo da antiga Europa e culminou no
sufrágio, primeiro do homem e, por último, da mulher. Surgiu a democracia das
massas.
O
partido tomou grande importância.
O
imperialismo propiciou as bases para o êxito dos movimentos independentistas. A
dominação possibilitou o nascimento do sentimento xenofóbico. A desestruturação
das bases sociais, econômicas e políticas das colônias possibilitou o
desenvolvimento de novos interesses que, se aproveitando do enriquecimento da
indústria serviria para organizar o movimento de independência.
As duas grandes guerras contribuíram para
tornar a Ásia e África em pólos produtores de matéria prima, o que gerou o
desenvolvimento social dessas comunidades. As novas classes sociais que surgiam
eram ricas o suficiente para financiar os movimentos de independência.
“Foi
esse amálgama, fruto da ocidentalização, de elementos oriundos de distintos
grupos e classes sociais, que levou à formação de novas elites, unidas, apesar
de suas origens díspares, pela determinação de sacudir o jugo estrangeiro”.
“O
nascimento do nacionalismo pode ser encarado, assim, não só como uma reação
contra o domínio ocidental, mas também como um passo inicial na transformação
do modo tradicional de vida, não mais de acordo com as modernas condições”.
Os
movimentos de independência na África e Ásia partiram de modelos europeus,
americanos e até mesmo de modelos russos. Os partidos vitoriosos foram os que
conseguiram mobilizar as massas dentro de um modelo político ocidental para
criar uma nova sociedade, reformulada, atendendo às aspirações sociais da
população.
[CAP.
7]
O
marxismo-leninista, bolchevismo, foi responsável por reinstalar o espírito
revolucionário. O movimento era universal, não questionava a relação de um povo
mas, sim, a relação das classes oprimidas.
“Como
outros grandes movimentos históricos, o bolchevismo deveu seu êxito não só a
seu próprio poder e ao entusiasmo que suscitou entre seus discípulos, mas
também ao desmoronamento interno da ordem contra a qual se dirigia”.
Lenin
pregava um marxismo mundial e a crise pós Primeira guerra foi o momento
propício, já visualizado por Marx, para a revolução. O bolchevismo defendia o
desenvolvimento dos países “atrasados” sem ser necessário passar pelos
sacrifícios das fases impostas pelo capitalismo. Ele não dividia o mundo por
nacionalidade mas por classes. Suas promessas foram facilmente aceitas nos
países menos desenvolvidos – apesar de outras políticas, como o fascismo,
estarem em curso de desenvolvimento.
Se,
primeiramente, o Marxismo-leninista era um movimento mundial seu sucessor
Stalin modificou os rumos dessa política e se afastou do comunismo, priorizando
a política da União Soviética e abandonando o classicismo que vigorava sobre o
nacionalismo.
“A
reação ao impacto soviético divide-se, pois, em três fases bem definidas. A
primeira, de 1918 a 1929, foi quase totalmente negativa, bastante parecida à
reação de Metternich ante a Revolução Francesa. Tentou conter o bolchevismo
isolando-o; seu instrumento foi a política externa e, no todo, funcionou bem
até 1929, para satisfação dos estadistas ocidentais. A segunda fase, de 1929 a
1941, foi também uma reação de medo, mas de conteúdo mais positivo. Suas
expressões características foram o fascismo e o nacional-socialismo, cujo
pressuposto básico, fomentado em ambos, e em grande escala, pela depressão de
1929, era a incapacidade do capitalismo liberal para reunir os elementos da
sociedade capitalista – sobretudo, a pequena burguesia – que se sentiam mais
diretamente ameaçados. O fervor moral que tanto Mussolini como Hitler
procuraram inspirar entre seus adeptos foi instigado como antídoto ao fervor do
bolchevismo e muitos dos métodos bolchevistas foram invocados na tentativa para
o gerar [...] a terceira fase só atingiu pleno desenvolvimento depois da guerra
de 1941-45. O Estado de bem estar social”.
“O
comunismo teve grande influência na Ásia onde a ditadura era uma das poucas
formas de vencer a plutocracia e diminuir as disparidades [...]. Uma grande
influência desse modelo que não visava o lucro e sim o planejamento social foi
a mudança nas ideias capitalistas, que passaram a mesclar cuidados sociais em
suas bases, distanciando-se do liberalismo econômico”.
[CAP.
8] – A arte
O
último capítulo trata da mudança no panorama artístico e cultura da nova sociedade
que se desenhava. A arte rompe com antigas formas e busca criar algo para uma
nova sociedade, a sociedade de classe, operária, que agora se alfabetiza mas
não se interessa pela antiga arte. Se primeiramente a arte foi influenciada
pelo Ocidente, posteriormente ela se volta para temas internos, para uma
linguagem mais popular e visa participar ativamente da reconstrução social.
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