terça-feira, 20 de janeiro de 2009

SI Morro sobrevive-me com tanta força pura
que desperta a fúria do pálido e do frio,
do sul a sul levanta teus olhos indeléveis,
de sol a sol que sonha tua boca de guitarra.
Não quero que vacilem tua risada nem teus passos,
não quero que se morra minha herança de alegria,
não chames a meu peito, estou ausente.
Vivi em minha ausência como em uma casa.
É uma casa tão grande a ausência
que passará por ela através dos muros
e porá os quadros no ar.
É uma casa tão transparente na ausência
que eu sem vida te verei viver
e se sofre, meu amor, morrei outra vez.

[Pablo Neruda]