segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

História do Brasil - Boris Fausto

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 14. Ed. atual. e ampl. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2013.

Os portugueses acumularam muitas riquezas derivadas do comércio. A busca por novos mercados levou às navegações. Ao chegar ao Brasil os portugueses buscavam, na verdade, chegar às Índias e fazer parte do comércio de especiarias. Cabral errou em seus cálculos e pensava que poderia, facilmente, chegar às Índias pelo Atlântico. O fato de as Antilhas terem sido descobertas favorecia tal suposição.

O BRASIL COLONIAL 1500 – 1822

Resumo:
A colonização do Brasil se deu aos poucos. A descoberta de pau-brasil e a excentricidade indígena favoreceram as relações entre os portugueses e os índios (principalmente os tupi-guaranis). A rivalidade entre as tribos também contribuiu pra que portugueses recebessem auxílio indígena e conseguissem se instalar no país.
O desrespeito francês ao Tratado de Tordesilhas (que dividia as novas terras entre portugueses e espanhóis) contribuiu para que a Coroa portuguesa colonizasse o Brasil e garantisse sua posse. A primeira tentativa de colonização orquestrada foi bruscamente interrompida pelo sistema de capitanias hereditárias, grandes porções de terras arrendadas a pessoas com boas relações com a Coroa (baixa nobreza, burgueses, entre outros). O sistema não teve grande sucesso.
A falta de descoberta de grandes riquezas transformou o Brasil em um fornecedor de alimentos à Coroa, o que favoreceu a criação de grandes latifúndios para o sistema “plantation”. A abundância de terras não favorecia o trabalho assalariado já que os trabalhadores podiam facilmente adquirir sua própria terra o que somado ao sistema da “plantation” levou a utilização de mão-de-obra escrava.
O Brasil era dotado de divisões além de livres e escravos. Eram elas:
- raciais: os nobres, os brancos, os mulatos, os índios e os negros...
- religiosas: cristãos e cristãos-novos (judeus obrigados a se converter);
- ocupação: senhores de engenho, comerciantes, artesãos...;
- sexo: homens e mulheres. Apesar do sistema patriarcal as mulheres tiveram importante papel na administração da casa e relativa independência (excluindo as famílias mais abastadas).
De população rural, as cidades passam a crescer devido aos grandes comerciantes, aos postos administrativos e, principalmente, a vinda da família real ao Rio de Janeiro. A sociedade brasileira vai se formando ao redor de famílias poderosas e na relação de lealdade.
A transformação do Brasil em um grande exportador de açúcar elevou, radicalmente, o número de escravos negros no país. Os engenhos eram caros e muitas vezes financiados por entidades religiosas ou estrangeiras (já que não havia banco no país).
A igreja teve grande importância adentrando o território nacional. A cultura indígena se mesclou com os costumes da época. A falta de mulheres brancas contribuiu para a mestiçagem da população, os mamelucos.
A vila de São Paulo possuía grandes distinções das demais. Formada por jesuítas, a vila era habitada por burgueses, artesãos, índios, mamelucos e bandeirantes. A descoberta de ouro pelos bandeirantes deslocou o eixo comercial o eixo comercial para o centro-sul do país e a capital foi transferida para o Rio de Janeiro.
As novas ideias (liberalismo, iluminismo) e revoluções (francesa e industrial) que emanavam da Europa levam à crescente defesa do fim da escravidão.
Em Minas, o eixo dinâmico do ouro estava arrefecido e as elites locais, familiarizadas com as novas ideias europeias, estavam descontentes com a administração da Coroa, o que levou à Inconfidência, uma movimento com significativa importância simbólica.
Em Salvador um movimento assume grande relevância como símbolo do início das reivindicações sociais, a conjuração dos alfaites.
A vinda da família real em 1808, o aumento dos tributos, o menosprezo do nordeste e o favorecimento de portugueses em detrimentos de brasileiros levou à revolução de 1817. Os revoltosos dominaram o Recife, mas foram severamente punidos dois meses depois.
O fim da guerra na Europa e a queda de Napoleão deixou Portugal em meio a um grave crise, solucionada com o retorno de D. João VI. Sob protestos brasileiros D. Pedro I ficou no Brasil. Entre divergências e sob a ameaça de Portugal submeter o Brasil a regressiva condição de colônia foi proclamada a Independência do Brasil, com D. Pedro I como imperador.

A definição das fronteiras no pós-independência se deu com o Tratado de Madri, segundo o qual o Brasil renunciava a colônia de Sacramento e abrangia a região de Sete Missões.

O PRIMEIRO REINADO 1822 – 1831

A Inglaterra auxiliou a busca brasileira pelo reconhecimento da independência. Seu interesse estava no grande mercado consumidor que o Brasil representava. Sobre o acordo com Portugal o Brasil se comprometeu ao pagamento de uma indenização e a não permitir a união com outras colônias lusas. Para pagar tal indenização o país fez seu primeiro empréstimo internacional (com a Inglaterra).
Diante da tentativa de elaborar a Constituição houveram divergências que levaram o Imperador a dissolver a Assembleia e a promulgar a CF de 1824. Os principais pontos da CF1824 foram a instituição da divisão do Legislativo em câmara e senado, este último vitalício; o voto indireto e censitário (com inclusão de escravos libertos); a divisão do país em províncias com presidentes indicados pelo Imperador; o asseguramento das liberdades individuais; a instituição do Conselho de Estado e do Poder Moderador (que consistia na acumulação de atribuições ao Imperador).
No período, a Confederação do Equador tem destaque como importante revolta, de caráter republicano e federalista do Nordeste. A revolução tinha conteúdo urbano e popular e foi severamente reprimida com a condenação à morte de seus líderes.
No Prata, o Brasil entrava em guerra com a Argentina. Derrotado, teve o acordo de paz intermediado pela Inglaterra. Os gastos na guerra, a inchação (inflação), o crescimento do sentimento antilusitano e a pressão inglesa que culminou na redução das tarifas alfandegárias fizeram crescer a insatisfação social e a popularização das ideias liberais.
Diante da grave crise d. Pedro I embarca para Portugal para tentar retomar o trono (já que d. João VI havia falecido) e deixa seu filho, Pedro II, para assumir o Império brasileiro. Pedro II é um legítimo brasileiro, mas de apenas 5 anos de idade.

A REGÊNCIA

               A regência foi o período em que se aguardava a maioridade de dom Pedro II e foi marcado por reformas institucionais e revoltas. Dentre as revoltas mais importantes cite-se a balaiada (1838-1840), a guerra dos cabanos (1821 e 1835), a cabanagem (1835-1840), a sabinada (1837-1838)  e a guerra dos farrapos (1836-1845).
A guerra dos farrapos no Rio Grande do Sul teve longa duração e foi um dos motivos que levou à queda do regente Feijó.


Continua em um próximo post.... :)